Cinema de Rua http://cinemaderua.blogosfera.uol.com.br Kico Santos é roteirista, diretor, músico e apaixonado por São Paulo Sun, 29 Jul 2018 15:31:02 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Videodrone: os maiores graffitis de SP http://cinemaderua.blogosfera.uol.com.br/2018/07/27/videodrone-os-maiores-graffitis-de-sp/ http://cinemaderua.blogosfera.uol.com.br/2018/07/27/videodrone-os-maiores-graffitis-de-sp/#respond Fri, 27 Jul 2018 07:00:59 +0000 http://cinemaderua.blogosfera.uol.com.br/?p=111 Antes mesmo de comprar o meu Phanton 4 eu já sonhava em fazer um vídeo com os grandes murais de SP. Começamos a aventura no final de 2016, aqueles graffitis que eu sempre admirei vistos sob um novo ângulo foi uma experiência e tanto. E ainda sair caçando novos murais pelo centro e afins. Sempre faltava um que eu sabia que existia mas não lembrava onde ficava, a arte era mais vívida que a localização.

Calhou que na época estava rolando a polêmica dos graffitis na administração da cidade e senti que foi uma representação importante para os artistas. Fiquei amigo de alguns como o TEC e a Simone Siss, e eles dizem que o vídeo foi um respiro num momento em que tantas obras foram removidas.

E é um luxo contar com essa trilha tão bem sacada do Pedro Rizzi. Sentamos para mexer corte com trilha e trilha com corte, encontrando o equilíbrio das narrativas feitas a quatro mãos. Aquele mergulho pelo Anhangabaú ficou muito massa 🙂

Nessa versão, adicionei o nome dos artistas durante o vídeo, fica mais informativo posto que algumas obras já nem existem mais..

Esse é meu último post aqui no Urban Taste, foi um prazer enorme publicar os nossos vídeos, obrigado!

]]>
0
Um bom sapateiro http://cinemaderua.blogosfera.uol.com.br/2018/07/20/um-bom-sapateiro/ http://cinemaderua.blogosfera.uol.com.br/2018/07/20/um-bom-sapateiro/#respond Fri, 20 Jul 2018 07:00:01 +0000 http://cinemaderua.blogosfera.uol.com.br/?p=107 Sabe onde tem um bom sapateiro? Se alguém fizer essa pergunta ali pela Vila Madalena provavelmente vai ouvir sobre o Sr Osvaldo. Os sites de busca podem encontrar qualquer coisa, mas é procurando pelas ruas que a gente encontra os caras mais figuras.

Ali na Artur de Azevedo eu conheci o Sr Osvaldo, sapateiro, 55 anos de profissão. Uma profissão que está desaparecendo. Ele próprio me conta sobre a tentativa mal sucedida de passar o negócio para o filho.

Com a sua super máquina máquina de costura alemã, ele bate no peito e fala sobre a arte do seu ofício. Turrão, sempre tem uma opinião forte sobre tudo. Haja o que houver, seu reparo é eficiente e cuidadosamente estético. Lembro que quando consertou a alça da minha mochila de câmera, ele repetiu o mesmo reparo na outra alça apenas para ficar equilibrado.

Ouvi sua história, uma verdadeira história de superação. Depois que terminei o vídeo, fui lá mostrar pra ele, fizemos uma sessão na sapataria. Ele mandou o vídeo por zap pra toda família. Não sei se para o filho também.

]]>
0
E os dias se foram http://cinemaderua.blogosfera.uol.com.br/2018/07/13/e-os-dias-se-foram/ http://cinemaderua.blogosfera.uol.com.br/2018/07/13/e-os-dias-se-foram/#respond Fri, 13 Jul 2018 07:00:56 +0000 http://cinemaderua.blogosfera.uol.com.br/?p=100 Os dias de invernos passam indiferentes. A cidade fria parece ter um espírito coletivo de melancolia, pelos ônibus, esquinas, saídas do metrô. Imagino que as pessoas estejam repensando seus planos, procurando por novos caminhos, no frio.

Assim foi há alguns invernos, quando abri câmera numa SP fria e fiz o vídeo abaixo. A inspiração vem de filmes como A Chuva de Joris Ivens (Holanda – 1929) A chuva, no qual o diretor filmou o cotidiano de Amsterdam por dois anos para montar um curta. A realidade, a vida comum, tem uma beleza que pode ser esculpida como poesia visual.

É incessante o hábito de olhar para SP. A cidade está sempre nos surpreendendo em sua rotina incomum. Mas anos depois, os dias de inverno continuam com o mesmo tom. Talvez o frio una as pessoas. Talvez amanhã o dia amanheça com sol.

O vídeo é só um registro do cotidiano. Poesia barata requentada com trilha branca que eu filmei enquanto procurava por novos caminhos, no frio.

]]>
0
São Paulo no modo Arcade http://cinemaderua.blogosfera.uol.com.br/2018/07/06/sao-paulo-no-modo-arcade/ http://cinemaderua.blogosfera.uol.com.br/2018/07/06/sao-paulo-no-modo-arcade/#respond Fri, 06 Jul 2018 07:00:10 +0000 http://cinemaderua.blogosfera.uol.com.br/?p=93 Um River Raid pelos céus de São Paulo. Quando o Rafa Bedulatto teve essa ideia me pareceu muito simples de produzir, bastava um drone e um avião de isopor.

Mas na prática deu trabalho. Quando o drone decolava o aviãozinho de isopor ficava doido com o vento. Foram várias tentativas para encontrar as distâncias certas dos fios, o peso dos chumbinhos que davam sustentação e até o tamanho do avião – o Rafa construiu três modelos pra gente testar. Sorte que o Fabio Nikolaus ajudou a gente, aliás foi massa ter unido dois amigos tão criativos nesse projeto. Os dois mandaram muito bem, fizemos um único vôo pela marginal na altura da Cidade Universitária e o aviãozinho aguentou firme. Eu até tentei repetir a façanha depois mas não deu muito certo.

Daí que o Gui e o Sillas, parceiros de trabalho, entraram no circuito para fechar o vídeo. Primeiro um corte despretensioso, clipadão como o Sillas gosta, e uma trilha que deu uma super vida pro aviãozinho que tremia com o vento. Depois a gente deixou o vídeo com cara de VHS, 4×3, colocamos uns dropouts, o Gui até animou as falhas RGB que dão nos créditos.

Ficou assim:

]]>
0
O chileno El Guatón http://cinemaderua.blogosfera.uol.com.br/2018/06/29/el-guaton/ http://cinemaderua.blogosfera.uol.com.br/2018/06/29/el-guaton/#respond Fri, 29 Jun 2018 07:58:58 +0000 http://cinemaderua.blogosfera.uol.com.br/?p=88 Ali na Artur de Azevedo 906 fica o Guatón. Um cantinho pitoresco onde são servidas deliciosas empanadas chilenas como a de queijo e cebola que é um absurdo. O Sr Guatón, o proprietário, é um chileno figura que sempre recebeu seus clientes com muito carinho.

Conheci mais a fundo a sua história quando o Centro Cultural da Espanha me convidou a fazer esse vídeo. Um olhar para estrangeiros que construíram suas histórias em outras terras. Tema atual, haja vista as polêmicas sobre imigração que vem tomando os noticiários.

Andar com o Guatón ali pelo Brás enquanto ele comprava seus ingredientes revelou como ele se vira bem em SP. Pechincha, reclama, xinga, fala da Globo. Plenamente adaptado à metrópole, conquistou seu espaço a partir do próprio trabalho. Corintiano, só reclama de não poder votar nas eleições. Se interessa por uma cidade melhor como muitos brasileiros.

E faz as melhores empanadas de SP, vale a pena.

]]>
0
A cidade e o 7X1 http://cinemaderua.blogosfera.uol.com.br/2018/06/22/a-cidade-e-o-7x1/ http://cinemaderua.blogosfera.uol.com.br/2018/06/22/a-cidade-e-o-7x1/#respond Fri, 22 Jun 2018 07:00:08 +0000 http://cinemaderua.blogosfera.uol.com.br/?p=78 As copas servem para marcar o tempo. Quantas lembranças de épocas idas a gente associa com as copas que o Brasil ganhou.. ou perdeu? Não há lembrança tão vívida quanto o fatídico 7X1 em 8 de julho de 2014. O sonho da copa, a copa do Brasil, desmoronando rudemente na tela da Globo.. não é possível que isso esteja acontecendo. Com o tempo a gente se acostuma com a ideia, mas no dia seguinte rolou uma ressaca coletiva que tomou conta da cidade.

Sempre que eu saio armado com uma 5D por SP procuro temas a partir de alguma ideia inicial. Mas na maior parte das vezes eu sigo por outro caminho, o vídeo tem vida própria. Enquanto o Brasil tomava aquela goleada eu pensava na reação das pessoas, como a cidade acordaria no dia seguinte ao massacre?

Foi uma das poucas vezes em que o vídeo seguiu a ideia inicial, porque era uma tristeza de todos nós. E de fato, foi um dia pesado mesmo. Saí pelas ruas, filmei pelo Bexiga, Xavier de Toledo, Sé.. Havia uma sensação de cumplicidade no ar, quase que uma solidariedade entre todos, não foi fácil.

De todas as imagens, a que eu mais gosto é a do cachorro na praça enquanto o dono pensa na vida. Daquelas cenas que ilustram todo o contexto.

]]>
0
O olhar que vem do chão http://cinemaderua.blogosfera.uol.com.br/2018/06/15/o-olhar-que-vem-do-chao/ http://cinemaderua.blogosfera.uol.com.br/2018/06/15/o-olhar-que-vem-do-chao/#respond Fri, 15 Jun 2018 07:17:38 +0000 http://cinemaderua.blogosfera.uol.com.br/?p=71 Foi filmando o chão que tive a ideia de filmar do chão. Na época a gente fazia esse vídeo com a música da Céu, Streets Bloom. A câmera sempre apontando para baixo acompanhando os passinhos da Pri Ballarin. Decidimos experimentar uma caminhada invertida com o céu no lugar do chão. Então escolhemos o prédio do CCBB que na época tinha uns aviões pendurados do chinês Cai Guo-Qiang.

Deixei a GoPro na chão, preparei uma discreta caixinha de papelão e plástico bolha. Queria ao menos um minuto de céu, com o olhar a partir do chão. A brincadeira foi até a primeira pisada que a câmera tomou. Na hora achei que tinha perdido o take. Dias depois, quando eu assistia o material, tomei um susto.. O efeito de um chute na câmera era arrebatador.

Comecei a colecionar Contra-Plongées pela cidade. Do francês, “Plongée” é algo relativo a “mergulho”, a câmera que mergulha na direção do ator ou objeto. Ao passo que o Contra Plongée é apontar a lente para o alto, engrandecendo o personagem à sua frente.

Daí que o vídeo é uma coleção de cenas que gravei pelas ruas de São Paulo, com cenários bem característicos, a Estação da Sé, o Ibira. Na maioria das vezes eu ficava escondido mas de olho na câmera. Rolou uma até partida de espiribol com meu amigo Jones lá no seminário de Ibaté, uma das últimas cenas. Alguns lugares eu queria muito ter colocado mas não rolou, como numa esteira de malas do aeroporto. Imagina que cena?

Outro lance legal desse vídeo é que foi o primeiro que a gente fez com criação de trilha. Eu tinha um pouco de receio porque sempre curti uma boa pesquisa de trilha para encontrar o clima do vídeo. Mas o Pedro Rizzi mandou muito bem com seus samplers e afins, compondo atmosferas diferentes ao longo do vídeo. Encaixamos até os skates estalando no chão. Foi o começo de uma parceria que vai longe 🙂

]]>
0
Cidade Vazia http://cinemaderua.blogosfera.uol.com.br/2018/06/08/cidade-vazia/ http://cinemaderua.blogosfera.uol.com.br/2018/06/08/cidade-vazia/#respond Fri, 08 Jun 2018 21:29:39 +0000 http://cinemaderua.blogosfera.uol.com.br/?p=60 Uma amiga me disse, certa vez: Quando você faz planos, Deus ri de você. Os últimos dias de maio devem ter provocado uma boa gargalhada lá em cima. As ruas esvaziaram, o ar ficou mais puro e rolou uma sensação de que algo poderia dar muito errado. As prioridades mudaram e lá estava eu apontando as lentes pro pessoal que pedia intervenção militar pelas ruas. Com alguns preciosos litros de combustível eu fiz esse vídeo.

O contato com o movimento foi intenso, ouvi palavras fortes ditas de forma tranquila. Para os caminhoneiros também era uma situação fora do normal. Mãe e filha me acompanharam algumas vezes, minha filha ajudou a filmar, minha mãe até ganhou uma rosa.

Ali no Glicério decolei da borracharia do Sr Domingos (eu fiz um vídeo com ele jogando damas, há 7 anos). De lá eu consegui filmar a Radial vazia em pleno dia útil. Era uma sensação de feriado prolongado, mas havia um certo temor. O Sr Domingos continuava no mesmo lugar, mas agora jogavam dominó.

A gente sempre encontra algo quando se movimenta pela cidade. Confesso que busquei algo mais melancólico para o vídeo, mas não rolou bem isso no final. Quando meu amigo Rafa Godoi (na verdade foi o filho dele) sugeriu God’s Gonna Cut You Down como trilha eu entendi que a pegada ia ser algo mais.. the Walking Dead, não?

No final foi um reencontro com os amigos. Gravamos a trilha num take único, fiz o baixo, Sillas violão, Rafa cantou extraordinariamente, gravamos umas batidas na porta pra dar uma peso no bumbo do Ed Bezerra. Pedrinho mixou num tapa. De repente, tudo pode valer a pena..

Restava a finalização, e um projeto de vídeo assim tem que ser ligeiro pra acontecer. Eu fiz uns selects do material mas sentamos pra resolver de uma só vez, eu e Sillas. Dois editores juntos sempre dá uma boa briga de bar, puxa de um lado, puxa do outro.. um corte bom num tempo recorde. E aí contamos com o luxo de um Guilherme Andrade que desbotou o vídeo com a paleta de cores que ele criou na hora.

Quando junta uma galera que curte a ideia.. rola aquele entusiasmo né?

]]>
0
Tragédia anunciada http://cinemaderua.blogosfera.uol.com.br/2018/06/01/tragedia-anunciada/ http://cinemaderua.blogosfera.uol.com.br/2018/06/01/tragedia-anunciada/#respond Fri, 01 Jun 2018 07:24:36 +0000 http://cinemaderua.blogosfera.uol.com.br/?p=20 Há tempos que tenho cismado com a ideia de uma queda livre por SP. Um vídeo que fosse um constante cair, a São Paulo que afunda diante dos nossos olhos. Naturalmente que as ocupações verticais teriam um grande destaque na narrativa, como a territorialização das resistências. Disposto a publicar o vídeo no dia do aniversário da cidade, no dia 24 fiz a última e solitária excursão com meu drone, mirando as ocupações do centro. E publicamos o resultado no dia 25… CRASH! São Paulo em queda livre. (vídeo abaixo)

Quatro meses depois, um dia antes do desabamento, eu e minha filha passamos por lá e olhamos o prédio pela última vez. Restou este longo e tenebroso take do edifício Wilton Paes de Almeida que é como um documento histórico dos nossos dias.

]]>
0
Vídeo Grafite http://cinemaderua.blogosfera.uol.com.br/2018/05/25/video-grafite/ http://cinemaderua.blogosfera.uol.com.br/2018/05/25/video-grafite/#respond Fri, 25 May 2018 07:00:38 +0000 http://cinemaderua.blogosfera.uol.com.br/?p=9 Ali na avenida Brasil com a Rebouças, por muito tempo, ficou um muro verde à vista, de uma obra inacabada. De tanto olhar para aquilo, a gente resolveu fazer um chroma key urbano. E lá fomos filmar todo tipo de figura que passava na frente do muro, como os vendedores de sobrinha daquele famoso cruzamento. Também fomos atrás do recheio do bolo, uma coleção de imagens da própria cidade pra gente manipular, um chroma da cidade com ela mesma. E a experiência também teve um sabor documental da cidade, as pessoas, os carros, eu vejo hoje e me lembro dos relógios de rua de 2010.

Videografismo inspirado de Fabio Nikolaus, e a ajuda dos amigos Sillas Gama, Bianca Ballarin e Ricardo Tadashi.

]]>
0